"Livro 'Democrata' narra a história do automóvel nacional que não vingou
Autor testou o carro em 1967 e conta a conturbada saga da marca IBAP
Poderia ter sido o primeiro carro de série produzido por uma marca totalmente nacional, mas a história do belo sedã Democrata acabou em CPI. Intervenção e processo judicial. E esta saga que o advogado e jornalista Roberto Nasser resgata, em detalhes, no livro "Democrata - o carro certo no tempo errado".
O automóvel seria a realização do sonho do empresário Nelson Fernandes de criar uma genuína marca nacional: a Indústria Brasileira de Automóveis Presidente, ou, simplesmente, IBAP.
A ideia surgiu no início dos anos 60, quando Fernandes decidiu criara empresa e produzir o carro vendendo "cédulas de propriedade", cotas que eram vendidas para captar recursos e que davam direito ao comprador de se tornar sócio da IBAP e de comprar o veículo. Com o dinheiro dos cotistas, a empresa, fundada oficialmente em 1963, construiu um galpão em São Bernardo do Campo.
O plano anunciado inicialmente era de se construir um carro popular, mas Fernandes alterou o projeto por afirmar que sofria uma campanha difamatória dos grandes fabricantes e decidiu fazer primeiro um modelo mais luxuoso, para mostrar a capacidade da IBAP de fazer veículos de qualidade.
Tendo como base o Chevrolet Corvair, iniciou-se o projeto de criação de um sedã com quatro portas e de linhas esportivas com carroceria de fibra de vidro. Depois, o modelo foi alterado para se tornar um cupê. O motor seria um V6 2.5 de 120cv produzido na Itália.
Muito ousado para a época, o projeto sofreu com atraso de entrega de componentes (como o fornecimento de motores), além de vários entraves burocráticos e judiciais, principalmente por causa da venda de cotas. Isso pôs a idoneidade do projeto em dúvida.
Fernandes ainda tentou salvar a empresa tentando comprar a Fábrica Nacional de Motores, que estava para ser privatizada, mas foram impedidos em Brasília. No livro, Nasser revela outra tentativa uma associação com a BMW, que também não deu certo. Por fim, a fábrica" foi fechada em 1968.
Além de contar a história da IBAP e do Democrata em detalhes, Nasser ainda brinda os leitores com muitas fotos de época e a reprodução de várias reportagens.
Desde os anos 60, a viabilidade do projeto e as reais intenções de seu idealizador geram muita controvérsia.
- Tive a cautela de cruzar várias informações para evitar erros no relato e sei que a empresa ganhou todas as ações na Justiça - afirma Nasser, que guarda um dos dois únicos carros Democrata completos existentes. Há, ainda, carrocerias e algumas peças que ficaram nos escombros da fábrica, que permaneceu fechada por ordem judicial durante 20 anos.
Editado de forma independente, o livro não é vendido em livrarias, mas pode ser encomendado ao autor pelo telefone (61) 3226-4646."
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